Modelo de gestão de startups começa a seduzir empresas de todos os portes

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Conceitos comuns ao universo das empresas de base tecnológica ajudam a desenvolver produtos e negócios, e evitam desperdícios

 

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Consultor Allan Costa recomenda alinhar as novas metodologias com as ferramentas tradicionais de administração.

Para ajudar no desenvolvimento de startups, diversas metodologias ganharam espaço ao trazerem ferramentas que permitem validar modelos de negócios sem grande desperdício de tempo e dinheiro. Lean startup (startup enxuta), customer development (desenvolvimento de clientes), business model canvas (quadro de modelo de negócios) e design thinking são alguns dos conceitos que fazem parte do dia a dia de uma startup para criar, desenvolver e lançar novos produtos no mercado.

A novidade é que essas estratégias começam, aos poucos, a fazer parte da gestão de pequenas e grandes empresas de qualquer segmento. Para o consultor e investidor-anjo Allan Costa, essas novas abordagens são metodologias que vieram para ficar, pois permitem testar soluções de maneira rápida, fácil e barata.

Apesar de serem focadas no contexto das startups, Costa garante que os conceitos e princípios podem ser usados por empresas de qualquer tamanho em qualquer estágio de desenvolvimento. “Em geral, elas servem para planejar o negócio, testar novos produtos e serviços, e para resolver problemas”, diz.

Cofundador da Edools, Bernardo Kircove garante que as metodologias podem ser usadas por qualquer negócio. “Antes de elas surgirem, o empreendedor tinha uma mentalidade focada no desenvolvimento de produtos. Com o tempo de mercado, aprendeu que a parte mais arriscada de um negócio não é construir o produto em si, mas sim validá-lo.”

Em linhas gerais, os métodos recém-criados tiram dos empresários o foco da decisão e repartem essa responsabilidade com os clientes. As metodologias partem do princípio de que ninguém sabe exatamente o que o cliente quer e passar anos planejando uma ação é um desperdício de recursos. Elas ensinam a testar novos produtos e serviços e, a partir do feedback dos consumidores, ir adaptando a solução até ela se tornar economicamente sustentável.

Para os pequenos negócios, a orientação é entender que as novas teorias são apenas ferramentas para criação e desenvolvimento de produtos e que seus princípios devem ser adaptados à realidade de cada empresa. “São metodologias que não representam uma ruptura com as teorias tradicionais de administração e sim uma adequação para um momento de negócio diferenciado, em um cenário de recursos escassos”, diz Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil.

Para a gestão do dia a dia da empresa, o consultor Allan Costa recomenda alinhar as novas metodologias com as ferramentas tradicionais de administração, como, por exemplo, as técnicas de gestão financeira para gerenciar o fluxo de caixa.

 

Plano de negócios morreu?

Especialistas garantem que não. O ideal, segundo Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, é usar as novas metodologias para começar um negócio e desenvolver um novo produto e, a partir do modelo validado, fazer o plano de negócios para conseguir investimentos.

 

Pequenos já utilizam técnicas como Canvas e Lean Startup

Assim como as startups, as pequenas empresas têm equipes enxutas e recursos escassos. Por isso, aplicar alguns dos princípios das novas metodologias de gestão de negócios pode ser útil para evitar gastos desnecessários com produtos e serviços que os clientes não têm interesse.

Um princípio muito comum entre as empresas de base tecnológica é o produto mínimo viável da startup enxuta. A ideia é criar um produto empregando o mínimo de dinheiro e tempo e lançar uma versão beta (em construção) no mercado para testar a aceitação.

Um exemplo de pequeno negócio que usou essa abordagem foi a Tasty Salad Shop. A ideia do casal de arquitetos Patrícia Lion e Rodrigo Pasinato era lançar em Curitiba uma saladeria. Como eles não sabiam qual seria a aceitação, começaram com uma versão bem simples da loja, que incluia apenas entregas. Em pouco tempo, os próprios clientes começaram a demandar um local para alimentação e os sócios puderam montar o restaurante.

Outra ferramenta muito útil aos pequenos negócios é o Canvas, que permite estruturar seu modelo de negócio de maneira bem mais rápida que um plano de negócios. “Em 2012, para planejar os próximos dez anos do Sebrae, utilizamos o Canvas”, explica Allan Costa.

A vantagem está em visualizar em quadros uma série de hipóteses que envolvem a empresa, como fontes de receitas e estruturas de custos, e pensar sobre elas. (Jéssica Sant’Ana/Gazeta do Povo).

Foto: Antônio More/Gazeta do Povo