
Mato Grosso do Sul se consolida como um dos maiores polos florestais do País. A base desta expansão está no avanço da silvicultura. Conforme dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2014 o Estado registrou 833,8 mil hectares de florestas plantadas, enquanto no ano passado o número foi a 1,569 milhão de hectares – uma alta de 88,2%. No mesmo intervalo, MS se tornou referência mundial na produção de celulose.
Ainda segundo um levantamento da Ibá, somente entre 2023 e 2024 a área de florestas plantadas cresceu 15,8% em MS, passando de 1.355.445 hectares para 1.569.931 hectares. Desse total, 99,5% correspondem a eucalipto destinado à indústria de celulose, enquanto o pinus representa apenas 0,5%.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado, a perspectiva é de que a área aumente ainda mais nos próximos anos. “Temos uma perspectiva de que até o fim do próximo ano a gente incorpore mais 500 mil hectares, que podem sair da área de pastagem degradada e ir para a celulose”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Segundo ele, o planejamento do governo prevê um horizonte ainda mais ambicioso. “Pensando em alguns projetos futuros, a nossa ideia é que Mato Grosso do Sul chegue a 2,5 milhões de hectares. Então esse é o caminho que nós avaliamos que podemos avançar”, destacou em reportagem já publicada.
Atualmente, MS é o segundo maior produtor, atrás apenas de Minas Gerais que tem 2,283 milhões de hectares de florestas plantadas. Quando considerado o recorte de plantio de árvores de eucalipto, o ranking é o mesmo. Enquanto Minas Gerais lidera com 2,210 milhões de hectares, o Estado tem 1,515 milhão de hectares, conforme o relatório anual da associação que representa o setor.
INDÚSTRIA
A expansão das áreas de eucalipto está diretamente associada ao crescimento da indústria da celulose. Regiões como Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Água Clara concentram as maiores áreas de plantio e os principais investimentos, atraindo novas fábricas e impulsionando o desenvolvimento regional.
O governo do Estado reconheceu oficialmente essa concentração com a criação do “Vale da Celulose”, instituído por lei neste ano. O território abrange nove municípios que concentram 87% da produção estadual de celulose e será o foco das políticas públicas voltadas à cadeia produtiva.
“Esses nove municípios concentram 87% da produção de celulose em Mato Grosso do Sul. O Vale da Celulose já é um território que se tornou referência nacional e internacional em produtividade e inovação e está se constituindo como um cluster da cadeia produtiva do setor florestal e estabelece um novo nível de governança para essa região”, explicou Verruck, ao anunciar a criação do polo.
A presença das gigantes Suzano e Eldorado Brasil em Três Lagoas, somada à nova unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo, considerada a maior fábrica de celulose do mundo, reforça o peso de Mato Grosso do Sul no cenário global do setor.
Além disso, está em construção em Inocência a unidade da Arauco, que deve levar da concorrente o posto de maior fábrica de celulose do mundo. E ainda há a já confirmada unidade da Bracell em Bataguassu.
A expansão florestal ocorre também em meio a uma política estadual que estimula o uso sustentável do solo e a recuperação de áreas degradadas. A aprovação da nova lei de licenciamento ambiental, que dispensa autorização para o cultivo de florestas plantadas, deve acelerar ainda mais o crescimento.
Uma reportagem do Correio do Estado mostrou que, com a mudança, o Estado pode “quase quadruplicar” sua área de plantio nos próximos anos, com foco em áreas de pastagem degradadas próximas aos polos industriais.
EXPORTAÇÕES
O crescimento da base florestal tem reflexo direto nas exportações. Segundo a Semadesc, entre janeiro e setembro deste ano Mato Grosso do Sul exportou US$ 2,387 bilhões em celulose, um aumento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior. Consolidando-se como o principal produto da pauta estadual.
“O bom desempenho da indústria e a expansão da celulose como principal produto da pauta exportadora reforçam a estratégia de diversificação econômica do Estado”, destacou Verruck.
No acumulado até setembro deste ano, a celulose respondeu por 29,22% das exportações de Mato Grosso do Sul, superando a soja (25,58%) e a carne bovina (15,92%). A China segue como o principal destino, absorvendo cerca de 45% das vendas externas.
Em 2024, o produto já havia alcançado valorização de 79,1% frente ao ano anterior, respondendo por 26,6% da pauta total de exportações. Em janeiro deste ano, a celulose manteve o protagonismo, representando 53,3% do valor exportado, com US$ 394,1 milhões em receita.
Correio do Estado

