No Estado, 24,2% dos idosos seguem trabalhando após aposentadoria

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No imaginário popular, a chegada da terceira idade é associada ao momento de descansar após uma vida toda de trabalho. Entretanto, um estudo feito no ano passado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que em Mato Grosso do Sul uma a cada cinco pessoas continua trabalhando após os 60 anos.

Dos 443 mil idosos do estado, 24,2% declaram que não encerram suas ativadas trabalhistas. Os números colocam o Estado acima da média nacional que é de 18,5%. Entre os motivos para continuar trabalhando destaca-se a necessidade de completar a renda, já que a aposentadoria não é suficiente para pagar as contas. O estudo aponta ainda que 73% dessas pessoas é responsável por contribuir com 50% ou mais da renda do seu domicilio.

Após perder o esposo em meio a pandemia, Maria de Fátima, de 61 anos viu-se desamparada apenas com uma pensão por morte de R$ 1.192,40 mensais. Para conseguir pagar as contas, ela teve de voltar a trabalhar depois de 9 anos em casa. Sem poder ser registrada, ela faz um “bico”, como ela mesmo diz, a cada 15 dias como passadeira.

“Se a gente for viver só da aposentada a gente vai parar debaixo da ponte, pois esse dinheiro não é o suficiente, os remédios, a comida e a gasolina estão cada vez mais caros”, fala.

Por falta de informação, a idosa conta que trabalhou por mais de 30 anos como ambulante sem fazer o cadastro como autônoma e por conta disso ela não consegue se aposentar por tempo de contribuição. “Eu sempre trabalhei como doméstica e depois como ambulante, nesse tempo ninguém nunca me falou que eu precisava contribuir com o INSS”, lamenta.

Na casa do agora taxista Keller Satheler, de 69 anos, ele continua sendo a maior fonte de renda da família. Aposentado por tempo de contribuição como bancário, no ano de 2004, ele afirma que parar de trabalhar traria uma mudança drástica na qualidade de vida da família. Na casa moram ele, sua esposa e dois filhos. “Se eu fosse depender da aposentadoria não conseguiria pagar nada. O dinheiro parece estar ficando cada vez mais justo. Só nas coisas básicas como água, luz, internet e mercado fica boa parte e se você quer usufruir de uma vida melhor não dá para parar de trabalhar”, diz.

Entre os colegas taxistas, ele diz que existem certas descrenças sobre sua necessidade de trabalhar depois de aposentado. “Muita gente acha que bancário fica rico, mas não é bem assim”, brinca. No dia a dia é comum Keller ouvir de muitos “você é doido de estar trabalhando, quando eu me aposentar nem imagino o que vou fazer”, conta. Com muito humor ele tenta levar as críticas que recebe na brincadeira. “Quando chegaram me falando isso eu me divirto e pensam que uma hora a pessoa vai se aposentar e vai ver que ela terá que trabalhar no outro dia se quiser manter o mesmo padrão de vida”, explica.