MS é citado como polo agrotecnológico em feira em SP

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Mato Grosso do Sul foi citado como um Estado de destaque no avanço das tecnologias no agronegócio na 30ª edição da Futurecom nesta terça-feira. O evento, que acontece em São Paulo nos dias 30 de setembro a 2 de outubro, é a maior feira de tecnologia da América Latina, sendo referência em Conectividade e Inovação, bem como em soluções para cibersegurança e Transformações Digitais.

A agropecuária é um dos setores onde a tecnologia vem avançando a passos largos. No evento, o engenheiro e professor da (UFRA) Universidade Federal Rural da Amazônia e membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) destacou Mato Grosso do Sul como um Estado “bastante avançado na indústria agrotecnológica”.

“Mato Grosso do Sul é a segunda maior potência agrícola do Brasil, ficando muito próximo de São Paulo, que é a primeira. Lá nós temos drones que espalham fertilizantes, sistemas de colheita inteligente, de irrigação inteligente, rastreamento bovino e, com a substituição de diesel por geradores fotovoltaicos, consegue produzir uma agricultura de baixo carbono”, destacou o professor.

Esses avanços fazem parte do que é chamado de Agricultura 4.0, que é a aplicação das tecnologias digitais como a inteligência artificial, automação, robótica e a Internet das Coisas (Internet of Things – IOT) para criar um sistema de produção agrícola mais eficiente e sustentável.

Como benefícios dessa Agricultura Digital, vêm a maior produtividade, já que o uso das tecnologias avançadas otimiza a produção e aumenta o volume das colheitas; a sustentabilidade, com o uso mais eficiente dos recursos naturais, como água e defensivos agrícolas, o que reduz o impacto ambiental; a redução dos custos, pois a automação e a otimização do uso de insumos levam a uma diminuição dos custos de produção; e a tomada de decisões de forma acertada por parte dos agricultores, já que a análise de dados fornece informações precisas para gerir melhor as suas propriedades.

Conectividade no campo
A inovação no agronegócio e a busca por ampliar a conectividade em regiões rurais foram um dos destaques da Futurecom 2025. Thiago Egoshi, especialista da empresa global Quectel, explicou à reportagem como os módulos de Internet das Coisas (IoT) já são aplicados no campo para gerar inteligência de negócios.

“A Quectel é uma empresa de venda de módulos onde empresas de agro, por exemplo, compram os módulos, criam um dispositivo e instalam dentro de seus instrumentos, como por exemplo, um trator. Esse módulo se comunica com a rede e você tem controle sobre ele. Ou se você cria gado, é possível desenvolver um dispositivo para colocar no brinco e monitorar esses animais”.

Thiago explica que a tecnologia auxilia o crescimento do negócio, já que facilita o proprietário a ter controle sobre os bens de forma integral.

“Você quer fazer um controle de pasto, por exemplo. Você consegue controlar quanto tempo as vacas vão ficar naquele local e ter que mudar, porque aquele pasto precisa descansar. E assim, vai tendo um controle e entendendo a dinâmica tanto do espaço quanto dos animais através da própria tecnologia inteligente”.

Além do monitoramento de gado e de veículos agrícolas, a mesma lógica pode ser usada em lavouras e plantações, com os drones para pulverização inteligente.

“Você pode ter uma inteligência de drone para falar quantas vezes ele já passou em determinada área. Então, você pega essas informações e consegue diferenciar melhor o uso do veneno”, explica.

Alcance em áreas remotas
Uma das dificuldades nesse avanço tecnológico é o acesso em áreas remotas, já que muitos agricultores menores estão em áreas com pouco ou nenhum acesso à internet. No entanto, essa dificuldade também já está sendo contornada.

É o que explicou o especialista em sistemas do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Matheus Sêda, que apresentou uma tecnologia chamada TV White Space, que aproveita canais de televisão para oferecer internet em áreas afastadas.

“A tecnologia White Space ainda não está normalizada no Brasil. (…) O canal de TV trabalha em uma frequência de 400 MHz a 700 MHz, que é uma frequência mais baixa e de longo alcance. Então, a ideia de áreas remotas e rurais é por conta disso”.

Segundo ele, os testes nos campos mostraram resultados promissores com alcances suficientes para alcançar várias regiões.

“Nos testes de campo que a gente realizou, conseguimos um alcance de 50km e uma taxa de comunicação de 100 Mbps, que é suficiente para atender várias demandas de conectividade dos usuários finais”.

A tecnologia também abre espaço para aplicações agrícolas com a Internet das Coisas (IoT).

“Se o produtor quiser aplicações de IoT, ele consegue colocar ali drones, monitoramento remoto, modem wi-fi. A aplicação final dessa internet, vindo de um provedor distanteé o usuário que decide como vai usar”.

A comercialização da inovação ainda depende da regulamentação final da Agência nacional de Telecomunicações (Anatel) e da adaptação dos equipamentos para uso fora do laboratório, mas a expectativa é que o projeto seja finalizado ainda no próximo ano.

“A previsão é terminar o projeto no segundo semestre de 2026, enviar para a Anatel e esperar o retorno, se precisa de correção, para ser aprovado. Estando tudo certo, empresas parceiras poderão fabricar e vender os produtos, que são soluções”, finaliza.

Futurecom 2025
O Futurecom é o evento referência em Conectividade e Inovação para a América Latina e, nos últimos anos, tornou-se também um importante hub em soluções para cibersegurança e facilitador da Transformação Digital.

Em 2025, celebra a 30ª edição, reunindo cerca de 300 marcas expositoras e mais de 30 mil profissionais do setor em 25 mil m² de área de exposição, no Expo São Paulo, na capital paulista.

Correio do Estado