O Banco Central projetou nesta terça-feira déficit em transações correntes de 28 bilhões de dólares em 2017, maior que o rombo de 22 bilhões de dólares estimado para 2016, enxergando mais remessas de lucros e dividendos para o exterior e gastos com viagens internacionais. A cifra também embute expectativa de saldo positivo de 44 bilhões de dólares para a balança comercial no ano que vem, bem próxima à projeção de superávit de 44,5 bilhões de dólares para este ano.
O BC vê que os gastos líquidos de brasileiros em viagem no exterior somarão 10,5 bilhões de dólares em 2017, 2 bilhões de dólares a mais do que espera para este ano. Já as remessas de lucros e dividendo deverão somar 23,5 bilhões de dólares no próximo ano, sobre 19,5 bilhões de dólares em 2016.
Para 2016, o BC piorou sua conta para o resultado das transações correntes, após prever anteriormente déficit mais modesto, de 18 bilhões de dólares. O movimento ocorreu principalmente porque passou a ver desempenho mais fraco para as trocas comerciais. Antes, o BC calculava o superávit da balança em 49 bilhões de dólares. Se confirmado, o déficit de 2016 representará o melhor desempenho para as contas correntes do país desde 2007, quando houve superávit de 408 milhões de dólares.
No ano passado, o rombo foi de 58,882 bilhões de dólares. Para o Investimento Direto no País (IDP), o BC estima 75 bilhões de dólares em 2017 e, para este ano, a perspectiva é de 70 bilhões de dólares, número que a autoridade monetária não mudou. A piora no déficit nas transações correntes em 2017 tem como pano de fundo a continuidade de um cenário difícil para a economia, mas com perspectiva de alguma retomada.
NOVEMBRO
O BC também divulgou que o déficit em transações correntes do Brasil foi de 878 milhões de dólares em novembro, pior que a estimativa de um rombo de 200 milhões de dólares, segundo pesquisa Reuters. Por sua vez, o IDP alcançou 8,752 bilhões de dólares no mês, acima da projeção de analistas de 6,5 bilhões de dólares.
De janeiro a novembro, o déficit em transações correntes alcançou 17,818 bilhões de dólares, expressivamente menor que o saldo negativo de 56,439 bilhões de dólares do mesmo período de 2015. Em 12 meses, o déficit foi a 1,12 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), contra 3,67 por cento até novembro do ano passado.
O resultado das contas externas em novembro foi beneficiado pela balança comercial, positiva em 4,516 bilhões de dólares, frente a 941 milhões de dólares de um ano antes. Por outro lado, as remessas de lucros e dividendos subiram 125 por cento na comparação anual, a 1,979 bilhão de dólares. As despesas líquidas em viagens internacionais, por sua vez, cresceram 44,8 por cento ante novembro de 2015, a 731 milhões de dólares.