Exportação de carne de MS dispara e “dribla” tarifaço

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Após fechar o mês de outubro, as exportações de Mato Grosso do Sul caminham para mais um ano de bom desempenho, com um saldo positivo bilionário das vendas ao exterior. A projeção é de crescimento nas vendas para outros países, mesmo em meio ao tarifaço aplicado pelos Estados Unidos ao longo do ano. Carne bovina e celulose puxam o bom desempenho do Estado nas vendas externas.

No acumulado do ano, segundo os números da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) anunciados ontem, as exportações de celulose para outros países acumularam US$ 277,8 milhões no mês de outubro e US$ 2,7 bilhões no acumulado do ano.

Durante todo o ano de 2025, as exportações já são 25,6% maiores que as dos primeiros dez meses do ano passado. No comparativo mês a mês, porém, as exportações de celulose foram menores em outubro: -21,9%.

Mas a sensação deste segundo semestre é a carne bovina de Mato Grosso do Sul. O item foi o segundo mais vendido no mês passado, superando a soja, e ainda superou outra barreira: o tarifaço dos Estados Unidos imposto pela administração de Donald Trump. Atualmente, a exportação de carne brasileira para os Estados Unidos é taxada em 50%.

Isso, contudo, parece não ser problema para os frigoríficos instalados em Mato Grosso do Sul, que têm unidades conhecidas por exportar carne de alto padrão. No mês de outubro, as exportações de carne bovina atingiram US$ 185,4 milhões, um aumento de 39,6% nas vendas.

No acumulado do ano, a receita com a exportação de carne bovina chega a US$ 1,5 bilhão, aumento de 46,6% nas vendas no comparativo com os dez primeiros meses do ano passado. Já são US$ 300 milhões a mais que os US$ 1,2 bilhão vendidos ao exterior no ano passado pelos frigoríficos de MS.

A soja, outrora carro-chefe das exportações de Mato Grosso do Sul, sobretudo em receita, agora tem oscilado entre o segundo e terceiro lugar nas exportações. Em outubro, as vendas externas da soja (US$ 132,2 milhões) subiram 21,8% em relação ao mês anterior, mas trata-se de uma oscilação.

No ano, a oleaginosa teve uma receita de US$ 2,2 bilhões e amarga uma queda de 21,2% na receita das exportações, US$ 600 milhões a menos que nos primeiros dez meses do ano passado.
Açúcar, farelo de soja e milho disputam, mês a mês, as outras posições na balança comercial de Mato Grosso do Sul.

Saldo da balança
O Estado de Mato Grosso do Sul caminha para fechar o ano de 2025 com um bom desempenho nas vendas externas, superando desafios deste ano. O total de exportações já chega a US$ 9,1 bilhões, enquanto as importações atingem US$ 2,2 bilhões. O saldo na balança comercial chega a US$ 6,9 bilhões.

A tendência de bons números é o comparativo com o ano fechado de 2024, quando Mato Grosso do Sul teve um saldo de US$ 7,2 bilhões na balança comercial, a diferença dos US$ 10 bilhões nas exportações e dos US$ 2,8 bilhões de importações.

Isoladamente, outubro último resultou em uma receita de US$ 894,2 milhões com exportações e despesas locais de US$ 299,5 milhões com importações, saldo de US$ 594,7 milhões na balança.

Destinos
A China permanece sendo o principal destino dos produtos de Mato Grosso do Sul, para os três produtos que lideram as vendas externas: celulose, soja e carne bovina.

O país asiático, segunda maior economia do mundo, comprou, nos dez primeiros meses deste ano, US$ 4,1 bilhões de produtos brasileiros com origem em Mato Grosso do Sul, o que significa uma participação de 45,6% nas vendas externas locais.

Só no mês de outubro, a China comprou US$ 371,4 milhões em produtos com origem em MS, resultando em uma participação de 41,5% do total exportado.

No acumulado do ano, apesar do tarifaço de Trump, que teve início em abril (10%) e foi reajustado em agosto (para 50%), os Estados Unidos continuam mantendo a segunda posição como maior comprador de produtos de Mato Grosso do Sul, com uma participação de 4,9%.

Foram vendidos US$ 448,2 milhões em produtos para os EUA, sobretudo carne bovina nos meses de fevereiro, março e abril, em meio à véspera e início do tarifaço.

A queda brusca nas compras norte-americanas verifica-se em outubro. Os Estados Unidos compraram US$ 22 milhões em produtos sul-mato-grossenses, ocupando o sexto lugar (participação de 2,5%) entre os destinos das exportações locais. Itália (5,4% de participação), Holanda (4%), Uruguai (3,7%) e o longínquo Bangladesh (2,9%), banhado pelo Oceano Índico, estão à frente dos norte-americanos quando se trata de compras de Mato Grosso do Sul.

Importações
A queda nas importações de gás da Bolívia, o que é uma má notícia para Mato Grosso do Sul porque reduz a receita com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gás que entra no Brasil em Corumbá, ajuda a aumentar o saldo da balança comercial.

No acumulado do ano, a Petrobras importou US$ 662,4 milhões do hidrocarboneto extraído das jazidas bolivianas, 31,5% a menos que no mesmo período do ano passado, quando já havia uma queda na compra do produto. Atualmente, o gás responde por 30,5% das importações locais, conforme os números das importações de janeiro a outubro.

No mês passado, a participação do gás natural é ainda menor. O produto representou apenas 18% das importações do Estado, e por pouco não foi superado pela compra do maquinário que será usado na megafábrica de celulose da Arauco, em Inocência.

A Petrobras comprou US$ 56,3 milhões em gás boliviano no mês passado, participação de 18%. A importação de válvulas, diodos e transistores, que custou US$ 40,6 milhões, representou 13,6% das importações de MS, enquanto a compra de maquinaria de papel e celulose, que custou US$ 34,7 milhões, foi responsável por 11,6% das importações de Mato Grosso do Sul.

Correio do Estado