Con retração de mercado, vender para empresas é uma alternativa nos negócios online

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Empresas estão apostando no comércio eletrônico para melhorar resultados na crise. (Foto: Comercioeletronico.blog.br).

Quando o poder aquisitivo das famílias está em retração, cenário que vem se delineando com o avanço da crise econômica no País, o consumidor final pode não ser a melhor aposta dos empreendedores. Em momentos como este, vender para empresas, o tradicional business to business (B2B), pode ser uma alternativa, principalmente para negócios online.

Os números do segmento são animadores. A expectativa é de que em 2020 o mercado online B2B fature US$ 6,7 trilhões, o dobro do tamanho do mercado online B2C – com foco no consumidor final –, cuja perspectiva é alcançar U$ 3,2 trilhões em receita. Os dados são de pesquisa realizada pela consultoria Frost & Sullivan. Parte desse otimismo vem de gigantes como a chinesa Alibaba e a norte-americana Amazon, porém, o cenário no Brasil também parece promissor.

E o potencial de desenvolvimento desse mercado seduziu o norte-americano Joshua Kempf e o alemão Benedikt Voller a empreenderem no País com um negócio B2B. Aberta em 2012, a Gaveteiro, loja online de materiais para escritórios e peças para pequenas indústrias, hoje processa em média 30 mil itens por dia em um galpão que emprega mais de 90 funcionários.

O foco da dupla, agora, é intensificar o sistema de compras pelo celular e, assim, dobrar de tamanho até o fim do ano. “As empresas estão procurando cortar ainda mais custos. Para crescer, seguimos o caminho do que cada empresa compra, com o melhor preço e o melhor pós-venda. Não tem muito o que inventar”, explica Kempf.

O otimismo da dupla passa por oferecer ao cliente, em geral pequenas indústrias e pequenos e médios comércios, alternativas de fornecimento que incluam a possibilidade de manter listas de compras personalizadas e vendas com desconto para pessoas jurídicas. “Ninguém fazia ainda o que nos propusemos a fazer. Essa crise vai passar e quem conseguir crescer durante a turbulência sai na frente”, pontua Voller.

Nicho

Atender a indústria foi a alternativa encontrada pela empresária Mayura Okura para viabilizar a B2Blue, empresa de beneficiamento de resíduos sólidos. Quando o negócio foi pensado, em 2011, a empreendedora se deparou com o consumidor final ainda despreparado para o serviço oferecido e partir para o B2B fez com que ela atraísse aportes de seed money que somaram R$ 5 milhões.

A B2Blue, que faturou em 2015 R$ 3 milhões, quer crescer 20% até o final do ano diante da conscientização de que o lixo de algumas empresas pode ser usado como matéria-prima para outras. “Nós já atendemos uma empresa que gastava entre R$ 10 mil a R$ 30 mil por mês com destinação de resíduos e vende o mesmo subproduto por R$ 90 mil. Para pequenas e médias indústrias, esse caixa extra é um alento”, explica.

Retração

Conforme analisa Mayura Okura sobre o momento atual do País, a crise econômica impulsiona negócios que ofereçam para outras empresas reforço na receita. “Na retração, as empresas se propõem a inovar mais, querem enxergar fora da caixa. Como consequência, abrem muito mais as portas para propostas”, comenta a empreendedora.

Nessa esteira da inovação, o empresário Marcos Wettreich, cofundador do provedor iBest e de outros negócios da internet, lançou em fevereiro o MercadoPME, serviço que se propõe, além de vender materiais para empresas pela internet, a ser uma terceirização do e-commerce de pequenos e médios negócios que não possuem ainda comércio online. Com isso, o empreendedor pretende faturar até 2017 R$ 100 milhões.

“O B2B é muito grande. Todas as pessoas, quando compram insumos, compram de indústrias, que para produzir também precisam comprar de alguém”, analisa. “O que vemos hoje é uma curva crescente das possibilidades online e decrescente das offline”, comenta. (Do Estadão).