Rota Bioceânica deve ampliar a produção da agricultura familiar do Estado

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A Rota ou Corredor Bioceânico vai expandir a relação comercial do Estado com países asiáticos e sul-americanos e deve fomentar a diversificação da produção sul-mato-grossense. 

Além disso, traz a possibilidade de novos negócios durante o trajeto. De acordo com a gestão estadual, o projeto tem atraído interesse de muitas indústrias.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, o projeto caminha bem e traz muitas possibilidades para o Estado.

“A gente percebe uma mudança na dimensão desse projeto em âmbito nacional. Ele entrou hoje na perspectiva de investimentos nacionais. As pessoas são consideradas. Temos requerimentos que têm interesse em se instalar em Mato Grosso do Sul em decorrência de todo o processo da rota. Então acho que tem um alinhamento bastante significativo ”, analisa Verruck.

O objetivo da criação de um corredor rodoviário é ligar os oceanos Atlântico e Pacífico, permitindo uma conexão viária do Centro-Oeste brasileiro aos portos de Antofagasta e Iquique (Chile), passando por Paraguai e Argentina.

AGRICULTURA

O projeto de pesquisa e extensão Corredor Bioceânico da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ( UFMS ) aponta como possibilidades de diversificar a agricultura familiar em todo o trajeto da Rota. 

Segundo o estudo, leite, mel, mandioca e abóbora estão entre os principais produtos da agricultura familiar que movimentam a economia local e melhoram a renda dos pequenos agricultores nas regiões alcançadas pelo corredor.  

Em Mato Grosso do Sul, o trajeto da Rota compreende as cidades de Sidrolândia, Nioaque, Jardim, Guia Lopes da Laguna e Porto Murtinho. 

O mapeamento da agricultura familiares municípios foi realizado pelo pesquisador e professor da UFMS Edgar Aparecido da Costa, com a participação da acadêmica do curso de Geografia da universidade Glenda Rodrigues.

“Olhamos para a agricultura familiar como um grande potencial, como algo a ser otimizado a partir das possibilidades que o Corredor Bioceânico vai proporcionar, mas também olhamos para ela com os cuidados de que a Rota não a faça sucumbir”, afirma o pesquisador.

São 35 assentamentos rurais, com 5.676 famílias, nas cidades sul-mato-grossenses alcançadas pela Rota, conforme levantamento feito a partir dos dados da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).

“Nem todos são produtivos, e um dos grandes problemas dos assentados rurais é que eles consigam a DAP, a Declaração de Aptidão ao Pronaf. Sem a DAP, o agricultor não consegue comercializar, não consegue crédito para incrementar a produção ”, explica Costa.

O secretário Jaime Verruck acredita que a Rota vai gerar desenvolvimento para todas as regiões do Estado.  

“A grande questão que eu tenho discutido com os municípios é como as cidades se apropriam desse grande projeto estruturante para o desenvolvimento do Estado, do País dos países vizinhos. Nós temos de estar preparados para isso. Na agricultura familiar estamos com um projeto para ver que tipo de produto e como ela expande. E temos de falar em escala de produção, excluindo a produção e o tipo de produto ”.  

PRODUÇÃO

Conforme identificado pelo estudo da UFMS, os principais produtos encontrados nos assentamentos rurais ao longo da Rota são: leite, mel, mandioca, abóbora, ovos e cana-de-açúcar.

A produção de leite foi identificada em todas as cidades analisadas, com destaque para Sidrolândia, com 7.561 litros de leite em 2018, e Nioaque, com produção de 3.057 litros de leite no mesmo ano.

 Jardim (1.643 litros), Guia Lopes da Laguna (957 litros) e Porto Murtinho (800 litros) registraram quantidades menores.

“É interessante destacar que a partir de várias combinações, várias composições que podem acontecer, como doces e queijos. O leite pode ser associado com a abóbora, que também é um produto bastante relevante ao longo da Rota ”, avalia Edgar da Costa.

Outra potencialidade é a produção de mel, principalmente em Jardim, com produção de 48 toneladas em 2018, e Guia Lopes da Laguna, com 21 toneladas no mesmo ano. 

A produção também ocorre nos municípios de Sidrolândia (7,9 toneladas), Nioaque (7 toneladas) e Porto Murtinho (1,6 tonelada).

“Muitos jovens produtores não vendem formalmente, são informais. Apenas Guia Lopes da Laguna tem uma grande quantidade de venda de mel. Jardim não tem e é o maior produtor. Então, percebemos que uma das possibilidades é alavancar esse sistema de comercialização do mel ”, considera o pesquisador.

A mandioca também é apontada pelos pesquisadores como uma potencialidade a ser explorada em Sidrolândia, que possui 350 hectares de área plantada do produto, e Nioaque, com 150 hectares. 

Também foi identificada produção de mandioca em Jardim (100 hectares), Guia Lopes da Laguna (80 hectares) e Porto Murtinho (35 hectares).

O levantamento dos principais produtos foi realizado com base em dados do Censo Agropecuário de 2017, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Produção Agrícola Municipal (PA) e Produção da Pecuária Municipal (PP) de 2018.