Preço da saca de soja deve permanecer em patamares acima de R$ 150

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A desvalorização de 10% nos preços internacionais da soja não deve ser considerado preocupante para a comercialização da próxima safra em Mato Grosso do Sul.

Nos Estados Unidos, o preço da soja no contrato mais curto em Chicago apresentou desvalorização de 10% entre o início de setembro e começo de outubro, segundo o relatório Radar Agro do Banco Itaú. A saca foi comercializada a US$ 13,65.

No Brasil, o relatório aponta que a redução foi de 4% em setembro com a saca sendo comercializada a R$ 155. Renata Farias, economista da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja MS), destaca que – em Mato Grosso do Sul – o preço médio disponível da soja em setembro de 2022 foi de R$ 169,28 por saca.

Neste contexto, a economista Renata Farias explica que se compararmos ao mês de julho, em que a saca estava sendo vendida a R$ 171, houve uma redução de 1,8%. Renata Farias informou, ainda, que outubro já se iniciou com valores superiores.

“Os valores estimados pelo USDA – ou Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, no relatório de outubro – demonstram um cenário positivo com aumento de oferta do grão no Brasil, grande parte alavancado pelos principais produtores, entre eles o Mato Grosso do Sul”, observou Farias.

Para a economista, o preço médio deve permanecer em patamares acima de R$ 150, uma vez que a estimativa de oferta é elevada. O cenário político e as restrições chinesas em relação aos EUA impactam na comercialização da safra, isto é, aumentam a demanda e, como consequência, os preços. “A tendência é um preço elevado para safra de soja 2022/2023”, acrescentou.

O relatório Radar Agro do Banco Itaú mostra que, no momento, essa redução nos preços é resultante de diferentes fatores. Entre eles destacam-se a melhoria das perspectivas para a colheita norte-americana, o início do plantio da safra brasileira sob condições climáticas favoráveis, a desaceleração econômica mundial e o aumento das restrições na China visando conter o Covid-19 no país.

Outros aspectos que também influenciaram o mercado – segundo o relatório Radar Agro – foram a revisão para cima dos estoques de soja nos Estados Unidos no início de setembro e a aceleração das vendas argentinas estimuladas pela taxa de câmbio específica para a soja.

No Brasil, de um lado ocorre o fechamento temporário de mais de dez unidades processadoras diante da piora das margens de esmagamento resultantes da queda no preço do óleo de soja frente ao aumento nos estoques de óleo de palma da Indonésia. Do outro, as exportações do complexo da soja têm continuado fortes e devem atingir, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), US$ 58 bilhões, ou seja, US$ 10 bilhões acima do exportado em 2021.

Além disso, as cotações brasileiras apresentaram grande variação ao longo do mês de acordo com movimentações na Bolsa de Chicago e no dólar. Em Sorriso, no Mat5o Grosso, o grão reduziu 4% desde o início de setembro, com a saca comercializada a R$ 155.

De acordo com o relatório Radar Agro, embora as pressões do lado financeiro e as boas condições climáticas devam seguir influenciando os mercados agrícolas, o cenário brasileiro sugere um espaço limitado para grandes quedas em Chicago diante da perspectiva de balanço global de oferta e demanda ainda apertado, mesmo considerando boas safras na América do Sul.

Para a safra 2022/23 no Brasil, a plataforma de negócios e banco de câmbio StoneX, por exemplo, aumentou suas estimativas para um valor recorde de 153,8 milhões de toneladas. Isso é resultado não só de um aumento na produtividade, como também de acréscimo na área plantada para 42,9 milhões de hectares.

Na Argentina, as estimativas da Bolsa de Cereales apontam para um total produzido de 48 milhões de toneladas, alta de quase 11% sobre a temporada anterior, na esteira do aumento da área plantada (16,7 milhões de hectares) e recuperação da produtividade.

Um ponto de atenção é que parte da safra na América do Sul deverá ocorrer sob a influência de mais uma La Niña, que pode reduzir os níveis de precipitação na parte sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai.

Em relação à demanda, embora a soja seja historicamente pouco sensível a variações na renda, o cenário de forte redução da taxa de crescimento da economia global em meio ao aumento da taxa de juros em vários países poderá impactar o crescimento da demanda pela oleaginosa no mundo, com destaque para o comportamento das compras chinesa em meio à elevada desaceleração da atividade econômica local.

Em Mato Grosso do Sul, a área plantada para a safra 2022/2023 – já anunciada pela Aprosoja MS – é de 3,8 milhões hectares, o que dá um crescimento de 2,5% na comparação com a anterior. A estimativa de produtividade está em 53,4 sacas por hectare, o que resulta em uma melhoria de performance de 38,2%. A produção estimativa é de 12,3 milhões de toneladas, o que significa uma encorpada de 41,2%.