MS É AUTO SUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE BIOENERGIA

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Produção de energia das usinas no Estado equivale ao consumo residencial de 79 municípios de MS
Produção de energia das usinas no Estado equivale ao consumo residencial de 79 municípios de MS

As 19 usinas sucroenergéticas em atividade em Mato Grosso do Sul produziram 2.586 gigawatts-hora (GWh) com o bagaço obtido a partir da moagem da cana-de-açúcar. Para se ter ideia do que significa esta produção, 1.792 GWh é o total de energia elétrica consumida pelos moradores do Estado.

Os dados foram apresentados pela Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) e referem-se à safra 2018/2019 encerrada no mês de março. Segundo o presidente da entidade, Roberto Hollanda Filho, todas as usinas produzem energia para consumo interno, contudo, 12 empresas exportam o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

“Em termos de comercialização externa, o crescimento nesta safra foi de 3,5% em relação à de 2017/2018. E o processo de obtenção de energia é realizado da forma mais eficiente possível, visto que o bagaço é queimado na caldeira que contém, em suas chaminés, lavadores de gases que impedem o escape da fuligem – material esse que retorna para o solo na forma de fertilizante nas lavouras”, explica.

O sistema citado por Hollanda funciona com uma interconexão dos sistemas elétricos, por intermédio de uma malha de transmissão que propicia a transferência de energia entre subsistemas. O processo permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias nacionais. Além disso, a integração dos recursos de geração e transmissão de energia permite um atendimento de mercado seguro e econômico.

Conforme detalhado pelo dirigente da Biosul, as usinas que exportam a bioeletricidade conectam-se ao SIN, no qual é criado um “pacote nacional” energético. “A partir do sistema, a energia armazenada é leiloada para iniciativa privada, com destaque para o segmento empresarial”, pontua.

DADOS NACIONAIS

Levantamento publicado na primeira quinzena de abril, por iniciativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), apontou que o consumo de bioeletricidade ofertada para a rede SIN pelo setor foi de 21,5 mil GWh, no ano passado.

Neste sentido, é fundamental destacar que cada tonelada de cana-de-açúcar processada na fabricação de açúcar e etanol gera, em média, 250 kg de bagaço e 280 kg de palhas e pontas da matéria-prima.

PERSPECTIVAS

Na avaliação do presidente da Biosul, a crise do setor canavieiro foi impulsionada mais recentemente pela crise do mercado de açúcar (países produtores que tiveram subsídio de seus governos ofertaram o produto com preço bem abaixo do praticado, desanimando os produtores brasileiros) e pela crise financeira mundial. “Contudo, é importante frisar que o gatilho que propiciou a instabilidade econômica foi a política de preço dos combustíveis praticada no passado. Isso foi um desastre para o setor e a Petrobras”, ressalta.

Contudo, o setor aposta no programa lançado pelo governo federal em 2016, o Renova Bio, que tem objetivo de expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, baseado na previsibilidade e sustentabilidade ambiental, econômica e social.

“Os produtores de cana-de-açúcar estão otimistas com essa iniciativa, que tem meta de até 2030 dobrar a participação da bioeletricidade na matriz energética brasileira. É um alento para o setor, já que entrará em operação a partir de 2020 e pode trazer um novo momento de recuperação da atividade econômica”, conclui.