Estado deve ter produção recorde com 28,7 milhões de toneladas de grãos

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Mato Grosso do Sul deve registrar a maior produção de grãos da sua história na safra 2025/2026. De acordo com o primeiro levantamento de safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do ciclo atual, o Estado deverá colher 28,7 milhões de toneladas de grãos, superando o recorde anterior (2022/2023), quando foram produzidas 27,1 milhões de toneladas.

Em relação ao volume colhido há três anos, o salto é ainda mais expressivo: a produção deve crescer 30% em comparação com a safra 2021/2022, quando foram contabilizadas 22 milhões de toneladas. 

O desempenho é resultado direto da combinação entre expansão de área cultivada, avanços tecnológicos e condições climáticas mais favoráveis previstas para o ciclo 2025/2026. O crescimento da área semeada deve alcançar 5,5% , saindo de 6,6 milhões de hectares para 7 milhões de hectares semeados.

Ainda de acordo com o levantamento da Conab, o ritmo de crescimento da produção sul-mato-grossense tem sido contínuo. O Estado produziu 20,2 milhões de toneladas na safra 2023/2024, passou a 26,4 milhões de toneladas em 2024/2025 e agora projeta 28,7 milhões de toneladas para o novo ciclo.

A soja continua sendo o carro-chefe da agricultura de Mato Grosso do Sul. O grão deve responder por mais da metade do volume total produzido, sustentando o protagonismo do Estado no cenário nacional. O aumento de produtividade, aliado à ampliação da área cultivada, explica a manutenção desse posto.

De acordo com dados da Conab, o bom momento da oleaginosa está associado à melhora no regime de chuvas, à adoção de sementes mais resistentes e ao uso intensivo de tecnologias de precisão no campo. A soja sul-mato-grossense tem alcançado resultados que a colocam entre as mais competitivas do País, tanto em rendimento quanto em qualidade do grão destinado à exportação.

A estimativa da Conab aponta para 14,9 milhões de toneladas para o ciclo 2025/2026. A estimativa local é ainda mais otimista, conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) estima 15,2 milhões, também apontando para uma colheita recorde neste ano.

De acordo com o presidente da Associação, Jorge Michelc, o início do plantio representa um momento de confiança para o setor, mas que deve ser acompanhado de cautela diante dos desafios climáticos e econômicos.

“Mato Grosso do Sul vive uma expansão consistente da soja, fruto da dedicação dos produtores e do uso crescente de tecnologias de manejo. Entretanto, sabemos que o clima será determinante para transformar esse potencial em realidade. O planejamento e a adoção de práticas modernas serão fundamentais para garantirmos os resultados esperados e para consolidar a força do Estado no cenário nacional”, afirma.

Para o coordenador técnico da Aprosoja-MS, Gabriel Balta, os números estimados para a safra 2025/2026 demonstram a resiliência e a capacidade de adaptação do produtor sul-mato-grossense.

“A estimativa de 15,2 milhões de toneladas mostra um ciclo de recuperação após oscilações em safras recentes. O produtor tem investido em variedades mais adaptadas e em estratégias de manejo. O crescimento na área e a estabilidade da produtividade sinalizam que há espaço para resultados positivos, desde que o clima se mantenha dentro da normalidade”, destaca.

DEMAIS GRÃOS
Depois da soja, o milho de segunda safra é o principal responsável pelo bom desempenho agrícola do Estado. A Conab aponta que as condições climáticas e o avanço do plantio mecanizado contribuíram para elevar o potencial produtivo das lavouras. O cereal, que é amplamente utilizado na alimentação animal e na produção de etanol de milho, tem garantido bons retornos econômicos e fortalecido a cadeia agroindustrial local.

As estimativas da Companhia apontam para uma produção de 12,9 milhões de toneladas do cereal, o que pode ser ainda maior considerando que o Estado já chegou a colher mais de 14 milhões de toneladas de milho.

Além do milho, o Estado também deve registrar bons resultados em outras culturas, como o trigo (85,7 mil toneladas), o arroz (71,4 mil toneladas) e o sorgo (624,6 mil toneladas), que juntos somam volumes significativos na composição do total de grãos. O trigo, por exemplo, tem ampliado sua presença principalmente nas regiões de Maracaju e Dourados, impulsionado pela crescente demanda interna e por programas de incentivo à rotação de culturas.

Embora o cenário seja positivo, a Conab alerta para fatores que ainda exigem atenção. A influência do fenômeno El Niño sobre o regime de chuvas e as oscilações de temperatura podem interferir no desempenho final das lavouras, sobretudo nas fases de floração e enchimento de grãos.

Além das condições climáticas, o custo de produção continua sendo um desafio para os agricultores. Insumos como fertilizantes e defensivos agrícolas ainda apresentam preços elevados, e a variação cambial influencia diretamente nos custos operacionais.

Apesar disso, o relatório da Conab indica que a expectativa é de produtividade estável ou crescente em boa parte das regiões produtoras do Estado, especialmente naquelas onde o solo e a estrutura logística oferecem vantagens competitivas.

PROTAGONISMO
Com a projeção recorde de 28,7 milhões de toneladas, Mato Grosso do Sul reforça seu papel estratégico no abastecimento nacional e nas exportações de commodities agrícolas. O agronegócio segue como um dos principais pilares da economia estadual, responsável por movimentar cadeias produtivas e garantir saldo positivo na balança comercial.

Reportagens recentes do Correio do Estado mostram que a agropecuária foi determinante para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso do Sul acima da média nacional, sustentando o desempenho econômico mesmo diante de desafios climáticos e logísticos.

Para a safra 2025/2026, a expectativa é de que o Estado consolide sua posição entre os maiores produtores de grãos do País, atrás apenas de Mato Grosso e Paraná. A performance confirma o avanço da fronteira agrícola e a eficiência dos produtores locais, que têm respondido com produtividade mesmo em períodos de instabilidade climática.

De acordo com a pesquisa, a primeira estimativa indica uma produção total de 354,7 milhões de toneladas de grãos no território nacional, volume 0,8% superior ao obtido em 2024/2025, e um crescimento na área a ser semeada de 3,3% em relação ao ciclo anterior, sendo estimada em 84,4 milhões de hectares na temporada 2025/2026.

Correio do Estado