Mesmo com impacto climático, safra da soja deve ser recorde no Estado

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Mato Grosso do Sul terá produção de soja 3% maior no ciclo 2023/2024, segundo análise do Itaú BBA com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme os números, a produção está estimada em 14,4 milhões de toneladas para este ciclo.

De acordo com o analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, Francisco Queiroz, apesar do impacto do clima no agronegócio, as perspectivas permanecem positivas. 

“Para Mato Grosso do Sul, a expectativa é de um aumento na área plantada com soja, o que, apesar de uma expectativa menor de produtividade em relação à safra 2022/2023, deve resultar em uma produção maior de soja para o Estado. A Conab projeta uma safra de 14,4 milhões de toneladas para MS em 2023/2024, aumento de 3% sobre a safra 2022/2023”, analisa.

Para o centro-sul do País (Centro-Oeste, Sudeste e Sul), a expectativa também é de uma produção maior no ciclo iniciado em setembro, principalmente com a expectativa de grande aumento na produção de soja do Rio Grande do Sul. 

“Com o cenário de El Niño, que tende a ser favorável para o Sul do Brasil, a projeção da Conab aponta para um crescimento de 68% para a safra do Rio Grande do Sul. Com isso, a expectativa é de uma produção de soja de 136,4 milhões de toneladas para o centro-sul do País em 2023/2024, contra 129,2 milhões de toneladas em 2022/2023, crescimento de 5,6%”, detalha Queiroz sobre o panorama regional.

Dados locais do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga MS) estimam que, até o início de dezembro, a área plantada na safra de soja 2023/2024 alcançou 96,2%, porcentagem 3 pontos porcentuais inferior à safra 2022/2023. 

No Estado, a região central está com o plantio mais avançado, com média de 97,8%, enquanto a região sul está com 96,0%, e a região norte, com 94,3%. A área plantada até o momento, conforme estimativa do Siga MS, é de 4,103 milhões de hectares.

MILHO

O plantio e o desenvolvimento da primeira safra de soja acabam sempre tendo influência na segunda safra de milho. O consultor explica que ainda não é possível trazer muitas perspectivas sobre a safrinha 2023/2024 por conta da distância em relação ao início do período de plantio. 

“O que dá para dizer hoje é que o atraso do plantio da safra de verão está empurrando uma parte da área de milho segunda safra para fora da janela ideal de plantio. Com isso, o risco climático aumenta bastante e os impactos na produtividade devem acontecer”, afirma Queiroz.

Ainda segundo ele, a expectativa é de uma redução na área plantada de milho no Estado, com um cenário de rentabilidade ruim e risco climático. “Para o Brasil, a expectativa da Conab é de uma redução de 4,5% da área plantada de milho segunda safra em 2023/2024, com redução de 3,7% em MS, de 5,3% no PR e de 4,1% em SP”.

Conforme nota técnica do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), as mudanças severas na temperatura nesta primavera foram intensificadas pela atuação do El Niño.

“Ainda não é possível prever até quando a massa de ar quente permanecerá sobre a região”, aponta o Cemtec-MS.

De acordo com o pesquisador agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste Éder Comunello, o fenômeno El Niño pode impactar negativamente o setor. 

“Os efeitos indesejáveis do El Niño, como o atraso das chuvas e a ocorrência de ondas de calor, podem comprometer a viabilidade das lavouras ou pelo menos reduzir os ganhos do produtor”, enfatiza.

O El Niño comumente eleva as temperaturas e o volume de chuvas na Região Centro-Oeste, tendo passado pela área há sete anos. O evento climático ocorre em consequência do aquecimento das águas do Oceano Pacífico tropical, com efeitos significativos na agricultura.

“O que dá para dizer hoje, também levando em consideração as projeções para o El Niño, é que o fenômeno está próximo do pico e deve iniciar um processo de enfraquecimento nos próximos meses, com probabilidade de neutralidade climática próximo do mês de maio. Com isso, em um cenário de atraso de plantio de milho combinado com neutralidade climática, aumentariam os riscos em relação ao frio e à ocorrência de geadas no PR, MS e SP”, finaliza Francisco Queiroz.

14,4 Milhões de Toneladas

Mato Grosso do Sul terá produção de soja 3% maior no ciclo 2023/2024, estão previstas 14,4 milhões de toneladas para esta safra.