La Niña tem 50% de chances de incomodar nas lavouras de soja em MS

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O fenômeno da natureza La Niña tem 50% de chances de provocar “incômodos” nos plantios de soja em Mato Grosso do Sul.

A afirmação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, que, ao mesmo tempo, declarou que – em visita aos produtores – constatou que 97% das lavouras estão em boas condições e em 3% o que ocorre é o desenvolvimento regular.

“Mesmo com essa situação incômoda, há 50% de chances de tudo dar certo”.

Apesar de as chances matematicamente estarem bem divididas entre dar acerto ou errado, Dobashi tranquiliza os produtores rurais, principalmente ao afirmar que o monitoramento meteorológico é minucioso.
Segundo Dobashi, “apesar da imprecisão proporcionada pelo fenômeno La Niña, a previsão é de chuvas regulares por todo o Estado, mesmo que, no momento, elas estejam caindo de forma sorteada”.

O mais importante, na avaliação dele, é que não há vestígios para estiagem nem veranico. Sobre as chuvas que já lavaram o solo sul-mato-grossense neste mês, há manchas molhadas no norte, na região central e no sul do Estado.

Quanto às lavouras, o atual estágio é o de R5, ou seja, é quando se inicia o desenvolvimento do grão, com a vagem já composta.

A preocupação de Dobashi se dá porque essa fase é a que mais tem demanda hídrica e, por isso, janeiro será crucial.

“Temos previsões concretas para chuvas pontuais em todo o Estado. No centro do Estado, por exemplo, as boas condições acontecem em 100% dos plantios. No norte e nordeste do Estado, essas condições excelentes se dão em 98% da lavoura. No sul do Estado, temos 13% em condições regulares”, detalha.

FENÔMENO  

De acordo com estudos meteorológicos e geográficos, a La Niña é o nome dado ao fenômeno climático-oceânico, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico.

Ele tem origem na região do Pacífico Equatorial, na zona intertropical do planeta, e provoca alterações sazonais na circulação geral da atmosfera, podendo durar de nove a 12 meses. 

Sua ocorrência se dá entre períodos de dois a sete anos. Os efeitos do La Niña são sentidos em diversas localidades, como é o caso do Brasil.

No País, há um aumento no volume de chuvas no Norte e Nordeste, bem como secas e temperaturas muito elevadas na região Sul. No Centro-Oeste e no Sudeste, os impactos variam. Mais recentemente, a ocorrência do La Niña provocou chuvas intensas e queda de temperatura no verão.

Em artigo científico publicado este ano, Éder Comunello, Carlos Ricardo Fietz e Danilton Luiz Flumignam – pesquisadores da Embrapa Agropecuária do Oeste – afirmaram que muito do que tem acontecido recentemente pode ser atribuído à ocorrência do fenômeno, que costuma provocar irregularidade e diminuição das chuvas na Argentina, no Paraguai e na região Sul do Brasil, enquanto são esperadas mais chuvas nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.

A região sul de Mato Grosso do Sul, onde se localiza Dourados, embora politicamente inserida no Centro-Oeste brasileiro, é – geograficamente – uma região de transição climatológica, podendo algumas vezes seguir um padrão diferente do esperado.

“A condição mais comum para essa região é seguir os padrões de La Niña indicados para o Sul do Brasil. Os efeitos tendem a ser mais pronunciados em direção ao sul do Estado e perdem força à medida que se avança para o norte, eventualmente atingindo municípios como Rio Brilhante e Maracaju”, detalham no artigo.