Dênes de Azevedo
O tom principal dos discursos das autoridades na abertura oficial da ExpoAgro (Exposição Agropecuária e Industrial Internacional de Dourados) na manhã deste sábado foi o agronegócio e o impeachment.
No geral todos afirmaram que o agronegócio manteve e mantém o Brasil em pé, diante da grave crise econômica que teve início em meados do ano passado. E que levará cinco anos para ser sanada na opinião de Tereza Cristina Corrêa da Costa, deputada federal e vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio.
Para as autoridades e lideranças, o agronegócio paga o pato em todas as crises, dando suporte à economia. “Um dia o Brasil vai ser o primeiro do mundo, mas a agricultura do Brasil já é a primeira do mundo”, ressaltou o deputado estadual Renato Câmara.
Já para o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, chegou a hora do agronegócio, que é uma indústria a céu aberto, deixar de pagar o pato e passar a ficar de joelhos só para agradecer a Deus.
Um outro assunto bastante lembrado foi a questão fundiária envolvendo os conflitos indígenas. “Tem que ir no ministro da Justiça; ou resolve o problema ou vai explodir mais pra frente”, disse o prefeito de Dourados, Murilo Zauith.
O potencial de Dourados não deixou de ser destacado. Nilton Picler, vice-presidente da Famasul disse o crescimento de Dourados faz com que as empresas apostem cada vez mais na cidade. “E vemos a economia prosperar”, disse. O deputado federal Geraldo Resende reconheceu o novo ambiente criado na gestão do prefeito Murilo em Dourados. “Estamos vivendo aqui momentos muito positivos”, disse e afirmou ainda que dirá ao presidente Michel Temer que se quiser acertar procure se espelhar em Dourados e em Mato Grosso do Sul.
A Expoagro começou na sexta-feira e segue até o dia 22. A expectativa é bater recorde em volume de negócios, ultrapassando os R$ 120 milhões. A feira conta com exposições de máquinas e equipamentos, leilões, julgamentos de raças, palestras, discussão de temas pertinente as mais diversas vertentes do setor, compartilhamento de tecnologia e shows e outros eventos.
Veja o que disseram as autoridades ao discursar na abertura da Expoagro:
LÚCIO DAMÁLIA
Lúcio Damália, presidente do Sindicato Rural de Dourados, afirmou que o agronegócio é uma indústria a céu aberto e que espera que o novo presidente (em exercício) Michel Temer tenha olhos para o setor. “O produtor que já sofre com o clima não pode mais sofrer com insegurança e mais impostos”, disse.
Para o presidente, o produtor não pode mais levar a culpa por tudo e não pode ficar de joelhos para poder empreender, mas somente para agradecer a Deus.
“Estamos abrindo mais uma Expoagro, é uma das principais vitrines do agronegócio no Estado para levar tecnologia informação ao homem do campo”, afirmou. “É um evento também para integrar o homem do campo e da cidade”, acrescenta.
FERNANDO LAMAS
Para Fernando Lamas, secretário de Estado da Produção e Agricultura Familiar, Mato Grosso do sul vive um momento extremamente interessante por ter um povo extremamente empreendedor e um Estado que é indutor do desenvolvimento.
Ele anunciou que na próxima sexta-feira, dia 20, o governador Reinaldo Azambuja lança na Expoagro, em Dourados, mais dois programas de apoio ao desenvolvimento rural, um na área da agricultura irrigada e outro de avicultura de corte. Segundo o secretário, junto com o programa de recuperação de áreas de pastagens degradas – que beneficiará de 6 a 8 milhões de hectares -, os dois novos programas ajudarão a dar um salto da produção agropecuária do Estado.
Lamas falou ainda do lado bom e ruim do Estado fazer divisa com cinco Estado e fronteira com dois países. Para ele, a localização estratégica tem contribuído para atrair vários investimentos. O lado ruim, na opinião dele, é que nos últimos 10 anos mais de 30 novas pragas entram no Estado pela fronteira. “O fundamental, tanto para atrair investimentos, como no caso dos problemas da fronteira, é a união dos produtores”, disse.
MURILO ZAUITH
O prefeito de Dourados, Murilo Zauith (PSB) começou o discurso lembrando que participa das aberturas da Expoagro há 20 anos. Lembrou dos mandatos que teve na Assembleia Legislativa do Estado e Câmara Federal. Murilo também foi vice-governador.
Sobre Dourados lembrou do momento em que assumiu a Prefeitura, que “estava de ponta cabeça” há 5 anos e meio, e do apoio que recebeu. “Sabíamos o que tinha de fazer e aproveitamos todas as oportunidades que foram dadas”, afirmou. Reclamou da intervenção demasiada do Judiciário no Poder Executivo. “Isso tem que mudar; cada poder tem que ficar no seu lugar. Esse é o Brasil que temos de construir”, ressaltou.
Sobre a questão fundiária ele disse que é um problema que precisa ser resolvido. “Tem que ir no ministro da Justiça, ou resolve ou vai explodir mais pra frente”, disse. Nesse sentido ele destacou a ação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que sem eu governo deu início ao processo de reforma agrária no Brasil.
TEREZA CRISTINA
Tereza Cristina Corrêa da Costa, deputada federal pelo PSB e também vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, começou o discurso dizendo que não está chateada por não haver mulheres na equipe do presidente Temer. “Vai ter a hora, primeiro vamos resolver os problemas”. Sobre o processo de impeachment disse que “o Brasil não aguentava mais”.
Para ela, os brasileiros precisam continuar mobilizados porque Temer “está encontrando uma terra arrasada” com mais de R$ 100 bilhões de dívidas e todos os programas paralisados. No caso do ministério formado com ministros cujos nomes estão na ‘Operação Lava-Jato’ ela acha que o principal critério do atual presidente foi as alianças para garantir “medidas amargas” necessárias para superar a crise a qual Tereza acha que dura cinco anos.
Falou da questão indígena e disse que Dilma Rousseff, assinou por vingança decretos de estudos antropológicos que envolvem 33 mil hectares de terra em Aquidauana e 55 mil no sul do Estado. “Caarapó vai quase toda”, disse ao prefeito Mário Valério.
Garantiu que não votará a favor do aumento de impostos. Para ela, o Estado não precisa arrecada mais, mas sim voltar ao tamanho necessário e citou os casos de ONGS internacionais e instituições sociais que levam milhões do poder público que só beneficiam seus lideres. “Precisamos trazer mais recursos para as bases e acabar com o pagamento de juros, que hoje chegam a R$ 720 bilhões por ano”, ressaltou.
GERALDO RESENDE
Geraldo Resende, deputado federal pelo PMDB, firmou que é preciso dar todas as contribuições para que o Governo Michel Temer dê certo, para garantir segurança e justiça para todos. Elogiou a escolha do empresário e senador Blairo Maggi para ministro da Agricultura, Pecuária a Abastecimento. “Vai construir uma equipe balizada em questões técnicas e não ideológicas”.
O deputado reconheceu o novo ambiente criado na gestão do prefeito Murilo em Dourados. “Estão vindo investimentos da JBS, BRF, Coamo, os hipermercados, um deles já em construção [Assaí Atacadista]. Estamos vivendo aqui momentos muito positivos. Vou dizer a Michel que se quiser acertar procure se espelhar em Dourados e em Mato Grosso do Sul para superar a crise e construir o Brasil que queremos”, disse Geraldo.
IDENOR MACHADO
Idenor Machado (DEM), presidente da Câmara Municipal de Dourados, destacou a organização do produtor e pediu que o novo presidente de um rumo ao país. “Porque o produtor rural está de pé”, afirmou. Nesse mesmo sentido destacou a parceria da Câmara no apoio às ações do prefeito de Dourados, Murilo Zauith, “que tem mantido a cidade de Dourados em pé, no seu rumo e organizada”. Falou ainda do apoio a Câmara ao produtor, citando o caso recente da aprovação de uma lei que vai incentivar a piscicultura no município.
RENATO CÂMARA
Renato Câmara, deputado estadual pelo PMDB, disse que o produtor rural é sempre lembrado na crise porque o alicerce do país é o agronegócio. “Um dia o Brasil vai ser o primeiro do mundo, mas a agricultura do Brasil já é a primeira do mundo”, ressaltou. Para o deputado agora é a hora das pessoas entrarem na política, de participar, para tirar o Brasil da teoria e passar para a prática. Ao contrário, segundo Câmara, não é momento de acomodar, mas de pegar as boas ideias e botar em ação. “Não adianta boa semente no celeiro. Vamos pular para dentro. O Brasil é maior que todas as crises”, disse.
ZÉ TEIXEIRA
O deputado estadual Zé Teixeira (DEM) também discursou na linha da participação política e discussão do sistema político do Brasil. Para ele, não se toca um país com tantos partidos políticos e tanta barganha. “Vamos continuar trabalhando e acreditar que o Brasil nesse silêncio, com presidente Temer, o Meireles (ministro da Fazenda) se torne um país onde a lei seja igual para todos”, disse. Ressaltou também que o impeachment foi necessário “por coisas mal feitas” e que agora há uma expectativa de melhora.
ANTÔNIO NOGUEIRA
Antônio Nogueira, presidente da Aced (associação Comercial e Empresarial de Dourados) destacou que o agronegócio é o sustentáculo do Brasil inteiro. “Fortalece o comércio e a industrial”, disse. “E vamos continuar a luta para manter esse setor em crescimento”, afirmou.
CRISTIANO BORTOLOTTO
Christiano Bortolotto, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), lamentou a crise moral no país e as invasões de propriedades e afirmou que a agricultura mostra durante todas as crises que cria. “Com a pujança do produtor rural, emprega, cria, suporta as dificuldades em toda a crise. E que esta crise não seja mais uma vez em detrimento do produtor”, ressaltou.
NILTON PICLER
Nilton Picler, vice-presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), falou do potencial econômico de Dourados no agronegócio. Segundo ele, o Departamento Econômico da Famasul apontou que em 10 anos a produção de grãos aumentou 200% em Dourados, que o município tem 150 mil cabeças de gado e que é o segundo maior suínos do Estado, com destaque também na produção de leite e mel.
O diretor da Famasul disse que o potencial do agronegócio de Dourados faz com que as empresas apostem cada vez mais na cidade. “E vemos a economia prosperar”, disse. “Muitos negócios serão fechados e muita pesquisa será compartilhada nesta exposição”, acrescentou. Informou também que no ano passado 3 mil pessoas foram capacitadas pelos cursos na Famasul em Dourados.