
O programa do governo federal Reforma Casa Brasil vai proporcionar financiamento para quem quiser realizar uma reforma no imóvel, o que é um fomento para o setor da construção civil.
De acordo com os especialistas ouvidos pelo Correio do Estado a avaliação é de que o programa deve dar um novo fôlego para o segmento em Mato Grosso do Sul.
O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Gustavo Shiota pontua que Campo Grande é uma cidade que continua crescendo e o Estado como um todo também tem muito espaço para melhorar a qualidade das moradias, e, consequentemente, impulsionar empregos na construção.
“Aqui a gente entende que o momento da habitação foi da construção, em geral, em Mato Grosso do Sul. É desafiador, sim, como sempre foi, mas também a gente entende, olhando até para esses programas, que é um ambiente cheio de boas oportunidades”, avalia Shiota e reforça.
“Então, mesmo com esses juros altos segurando um pouco o ritmo, programas como Minha Casa, Minha Vida, e agora o Reforma Casa Brasil, ajudam a manter o setor ativo, especialmente nas obras de pequeno e médio porte. Para quem mora aqui, eu acredito que é o momento de melhorar o que já tem, valorizar o seu imóvel e gerar trabalho dentro da própria cidade”.
O doutor em Economia, Daniel Frainer, corrobora com a avaliação. “Mato Grosso do Sul é um estado em expansão, é muito importante, justamente, esses investimentos, mesmo que sejam reformas pequenas para fomentar a economia e o comércio, principalmente na Capital, que é central do nosso comércio”.
O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou a importância do programa para a vida da população de todo o território nacional.
“Muitas famílias sonham em construir um cômodo a mais ou melhorar o telhado. Com o programa, vamos movimentar a indústria, gerar renda e empregar arquitetos, engenheiros, pintores e outros profissionais. A reforma está chegando para que as famílias recebam seus entes queridos com a dignidade que merecem”.
ADESÃO
De acordo com o governo federal, a adesão foi liberada na segunda-feira. Ao todo serão disponibilizados R$ 40 bilhões em crédito em todo o País. Com juros a partir de 1,17% ao mês e que chegam a 1,95% ao mês, dependendo da faixa de renda do solicitante.
Podem aderir ao programa as famílias que residem em capitais, cidades com mais de 300 mil habitantes ou regiões metropolitanas. Os recursos deverão ser utilizados para compra de materiais utilizados nas obras de reforma, pagamento de fornecedores e mão de obra.
“Isso com certeza vai aumentar a movimentação do setor da construção civil e permitir que as famílias ampliem seus investimentos, principalmente na área de imóveis. É um setor que absorve muita mão de obra, especialmente a menos qualificada, o que ajuda a reduzir as taxas de desemprego”, acrescenta Frainer.
A avaliação positiva do programa como impulsionador do setor também é compartilhada pelo economista Renato Gomes.
“Em Mato Grosso do Sul, o programa tem potencial para beneficiar milhares de famílias que vivem em casas próprias, mas com estrutura precária, especialmente em bairros periféricos de Campo Grande e em municípios do interior”, ressalta o economista e completa.
“A medida também deve movimentar o setor da construção civil, gerando demanda para pedreiros, pintores, eletricistas e pequenos comerciantes de materiais de construção. Por ser um crédito acessível e com adesão digital, o programa tende a alcançar regiões onde o acesso a financiamentos convencionais é mais difícil”.
Apesar do cenário otimista, Gomes chama atenção para um ponto de cautela, o aumento do endividamento.
“O ponto negativo, no entanto, é que o Reforma Casa Brasil não é um benefício direto, e sim um financiamento – ou seja, gera uma dívida. Diferente de programas habitacionais anteriores que ofereciam subsídios ou melhorias custeadas pelo governo, este modelo exige que o beneficiário arque com parcelas mensais e juros, o que pode limitar o acesso para famílias de renda mais baixa. Ainda assim, o programa representa uma alternativa de crédito mais barata para quem precisa reformar a casa e não teria condições de fazê-lo por conta própria”, ressalta.
REGRAS
Ainda conforme o governo federal, R$ 30 bilhões de todo recurso são oriundos do Fundo Social, especificamente destinados a famílias com renda de até R$ 9.600.
Os R$ 10 bilhões restantes serão liberados pela Caixa Econômica, por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), voltados às faixas de renda superiores.
Quem tem renda familiar de até R$ 9.600 poderá contratar um crédito inicial de R$ 5 mil, com prazo de pagamento de até 5 anos. Para rendas maiores, os valores de financiamento serão a partir de R$ 30 mil, com prazo de pagamento de até 15 anos.
As taxas de juros são proporcionais aos rendimentos: quem ganha menos, paga juros menores. A adesão pode ser feita on-line por meio do site da Caixa Econômica Federal ou pelo aplicativo do banco, ou presencialmente nas agências bancárias.
Toda liberação passará por análise de crédito, e após crédito aprovado, 90% do valor solicitado será depositado diretamente na conta bancária da família.
Os demais 10% serão liberados após conclusão da obra, com comprovação da execução dos serviços por meio de foto.
