COM TARIFAS ABSURDAS PASSAGEIROS TROCAM AEROPORTO DE DOURADOS PELA CAPITAL OU CARRO

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Com monopólio Azul corta voos, reduz número de assentos e fica inviável voar por Dourados de última hora. (Foto: A. Frota/Prefeitura/Divulgação).

Dênes de Azevedo

 

O movimento no Aeroporto Francisco de Mato Pereira, que já passou de 10 mil passageiros por mês anteriormente, fechou o mês de setembro com apenas 4.883. O Indicador Econômico fez uma pesquisa informal com alguns usuários do sistema de transporte aéreo em Dourados e descobriu que a causa da fuga são os preços das passagens praticados pela Azul, única companhia a operar na cidade.

Na quinta-feira um empresário do setor de combustíveis da cidade disse ao Indicador que trocou o avião pelo carro ao fazer as contas sobre o custo da viagem. Ele e a mulher gastariam em torno de R$ 4 mil ida e volta voando pela Azul. Seguiu de carro neste feriado, com a viagem demorando 8 horas a mais, porém economizando R$ 3 mil. “Voar de última ficou inviável por Dourados”, afirma.

Com a saída da Passaredo, que enfrenta série crise financeira, de Dourados a Azul passou a ser a única empresa a operar na cidade. A partir daí cortou voos, reduzindo a oferta de assentos, o que automaticamente eleva o custo das passagens. Para piorar, a empresa já anunciou que vai operar apenas um voo no final do ano, alegando remoção de uma aeronave para regiões turísticas.

Uma técnica que trabalha em uma universidade de Dourados segue no final do mês com a mãe e o filho para uma visita a familiares no Rio de Janeiro. Pesquisou e já comprou as passagens pelo aeroporto de Campo Grande por um terço do preço. E assim por diante, as pessoas que precisam fazer viagem longas estão migrando para Campo Grande.

E não há solução para o problema em curto prazo. A Anac (Agência de Aviação Civil) tem colocado restrições para aeronaves de envergadura de asa acima de 25 metros. ATR 72, que tem 27,05 metros de envergadura e capacidade de 70 assentos, opera, mas com restrições para instrumentos. Hoje somente a Azul tem aeronaves desse porte.

Aeronaves do porte do Boeing 737-800 ou Airbus A-319, operados por Gol, Latan e Avianca encontram restrições, principalmente na área de cobertura de seguro, e por isso não devem operar na cidade antes da reforma e ampliação do aeroporto.

A Prefeitura de Dourados e o Governo do Estado fizeram a sua parte para agilizar as obras. Todas as licenças estão prontas, mas o andamento do processo licitatório está emperrado no Governo Federal. “Fizemos a nossa parte, entregamos todas as licenças e a documentação. Está tudo lá na Anac em Brasília. Agora só nos resta esperar”, afirma Luis Roberto Martins Araújo, secretário de Planejamento da Prefeitura de Dourados.

O programa do Governo Federal prevê investimento em Mato Grosso do Sul para ampliação apenas no aeroporto de Dourados. Os recursos são do PROFAA, da Secretaria de Aviação Civil, administrados pelo Banco do Brasil.

Para Dourados o projeto é de R$ 40 milhões para a construção de um novo terminal de passageiros, com 2.160 m², em um novo local; ampliação da pista de pouso e decolagem para 2.280 metros de comprimento por 45 metros de largura; construção de um novo pátio de aeronaves; construção de nova seção contra incêndio e na instalação de novos equipamentos para operação por instrumentos.

Com a ampliação o aeroporto poderá operar aeronaves categoria 4C, com 90% do peso máximo de decolagem. O Boeing 737-800, operado pela Gol, e o Airbus A-319, operado pela TAM, estão nessa categoria.