
Dênes de Azevedo
Dourados realmente não está de bem com a aviação. Esta semana a comunidade recebeu uma notícia boa, a liberação da operação por IFR (Instrumentos) para aeronaves com envergadura de asa acima de 25 metros. Mas, por outro lado, a Azul, única operadora de transporte de passageiros no aeroporto de Dourados, cortou de quase 50% dos voos no mês de julho, mesmo voando hoje com aeronaves com lotação acima de 80%.
A comunidade ligada à aviação e autoridades há muito tempo lutam para a liberação do voo por instrumentos para a aeronave ATR 72-600, que opera na cidade. Isso resolveria o problema de cancelamentos e voos alternados para Campo Grande em dias de mal tempo, principalmente no inverno. Utilizando o sistema de instrumentos RNAV, implantado desde 2012, os pilotos conseguem pousar e decolar na maioria dos casos de tempo chuvoso ou com neblina.
Porém, mesmo com o procedimento finalmente autorizado, a Azul, que justificava o problema para cortar voos no inverno, reduziu em quase 50% a oferta de voos, de 3 a 28 de julho. Atualmente a companhia opera com dois voos de segunda a sexta-feira no aeroporto Francisco de Matos Pereira, ligando Dourados a São Paulo (aeroporto de Campinas), um pela manhã, com partida às 9h55, e outro às tarde, com partida às 18h05.
Mas, de 3 a 28 de julho esses voos da manhã e tarde serão ofertados apenas nas segundas e sextas-feiras. Nas terças, quartas e quintas-feiras haverá apenas um voo, criado como voo extra, que partirá de Dourados para Campinas às 15h40. A medida afetará diretamente a demanda de transporte aéreo na cidade, uma vez que a ocupação das aeronaves ATR 72, que tem 70 assentos, é de mais de 80% em todos os voos.
A redução dos voos também encarece o custo da passagem, fazendo com que mais pessoas passem a utilizar o aeroporto de Campo Grande, localizado a 220 km de Dourados. Hoje calcula-se que mais de 50% das pessoas que moram em Dourados e região utilizam o aeroporto de Campo Grande, por conta da baixa oferta de voos e medo dos voos alternados de aeroporto por conta do clima.
Agora, mesmo com o problema da operação por instrumentos resolvido, os moradores da região continuam sofrendo devido à baixa oferta de voos e pela operação na cidade de apenas uma companhia aérea. A esperança, segundo o pessoal do setor de aviação, é que a liberação do IFR atraia outra companhia para finalmente atender a demanda represada existente no aeroporto de Dourados.