Na demora do PAR, solução é remover Bombeiros

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ATR 72 tem envergadura de 27 metros; operação por instrumentos no aeroporto de Dourados está restringida a aeronaves com no máximo 25 metros de envergadura. (Foto: Dênes de Azevedo).

Da Redação

 

Com a chegada do inverno o pesadelo dos ‘transfers’ (baldeações por ônibus para Campo Grande) fica ainda maior para os milhares de passageiros que utilizam o aeroporto Francisco de Matos Pereira, de Dourados. Aeronaves de envergadura (ponta de asa à ponta de asa) superior a 25 metros, como é o caso do ATR-72, operado pela Azul e Passaredo, tem restrição da Aeronáutica quanto ao uso do sistema de instrumentos existente no aeroporto. É que a base do Secinc (Serviço de Combate a Incêndio) está muito próxima da pista de pousos e decolagens.

À medida que se reduzem as esperanças no PAR (Programa de Aviação Regional) do Governo Federal que prevê remodelação total do aeroporto, autoridades e sociedade organizada começam se mobilizar para resolver o problema. O Indicador Econômico ficou sabendo que a Prefeitura busca uma parceria com o Governo do Estado para remover a base do Secinc para fora da cerca de proteção do aeroporto. Assim, o ATR 72 poderia operar normalmente por instrumentos.

Devido a um projeto equivocado nos governos de Ari Artuzi (prefeito de Dourados) e André Puccinelli (governador do Estado) a base dos bombeiros ficou muito próxima da pista. Quando da vistoria do sistema de instrumentos, o RNAV, a Aeronáutica detectou o problema e limitou a operação de por instrumentos a aeronaves de até 25 metros de envergadura, como é o caso ATR 42, por exemplo, que tem 24,57 metros de envergadura e que transportam no máximo 50 passageiros. Mas, devido a demanda alta de passageiros não é viável utilizar essas aeronaves em Dourados. As companhias que operam na cidade usam o ATR 72, que tem 27,05 metros de envergadura e capacidade de 70 assentos.

Mas o que muda com a liberação do RNAV para aeronaves com envergadura acima de 25 metros? Com isso o ATR 72 poderia pousar utilizando o sistema de instrumentos no aeroporto, descendo sem visual a até uma altitude de 250 metros da cabeceira da pista. Vendo a sinalização o piloto pousa normalmente. Com isso, em torno de 90% dos voos que hoje são alternados para Campo Grande nos caso de mal tempo (chuva ou neblina) pousariam e decolariam normalmente em Dourados. O RNAV é um sistema de aproximação por instrumentos com uso de GPS. O aeroporto está mapeado para este sistema desde 2011.

Este ano, com o excesso de chuvas os problemas de alternação começaram em novembro do ano passado. Em abril e maio chuvas e frentes frias causaram sérios prejuízos à cidade em função de voos cancelados.

As autoridades locais relutavam em remover o Sescinc na esperança de que as obras de reforma do aeroporto pelo Programa de Aviação Regional, lançado em dezembro de 2012, acontecessem. Porém com a crise econômica e a crise política em Brasília se perde a esperança. “Mesmo que o projeto seja mantido não sai antes de 2020”, disse uma fonte do setor aéreo ao Indicador Econômico. Daí a mobilização para tentar remover o Sescinc e liberar o sistema de instrumentos para o ATR-72.

Outra fonte, um piloto que tem contato na Azul, disse acreditar que a partir do fim da restrição ao instrumento a Azul passará a empregar também em Dourados o jato Embraer 195, que tem envergadura de 28,72 metros.  Essa aeronave transporte 118 passageiros e voa a 890 km/h, mais rápido que o ATR, que voa em cruzeiro a 511 km/h. Com isso, o tempo de voo seria menor entre Dourados e São Paulo.

 

PAR

O programa do Governo Federal prevê investimento em Mato Grosso do Sul para ampliação dos aeroportos de Dourados, Bonito e Três Lagoas e implantação em Coxim, Costa Rica, Naviraí e Nova Andradina. Os recursos são do PROFAA, da Secretaria de Aviação Civil, administrados pelo Banco do Brasil. As prioridades são para Dourados e Bonito.

Para Dourados o projeto é de R$ 40 milhões para a construção de um novo terminal de passageiros, com 2.160 m², em um novo local; ampliação da pista de pouso e decolagem para 2.280 metros de comprimento por 45 metros de largura; construção de um novo pátio de aeronaves; construção de nova seção contra incêndio e na instalação de novos equipamentos para operação por instrumentos. Com a ampliação o aeroporto poderá operar aeronaves categoria 4C, com 90% do peso máximo de decolagem. O Boeing 737-800, operado pela Gol, e o Airbus A-319, operado pela TAM, estão nessa categoria.

 

Quintella

No dia 7 o governador Reinaldo Azambuja se reuniu com o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, para entregar reivindicações de investimentos em Mato Grosso do Sul, sobre o PAR. Eles elas estava o pedido de agilização das obras nos aeroportos.

Mas não é apenas em Brasília que o sistema está emperrado. O Governo do Estado ainda não concluiu o sistema de licenciamento ambiental do aeroporto de Dourados. O licenciamento está sendo feito pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS).

O Banco do Brasil somente poderá licitar as obras com as licenças e o projeto. Isso quer dizer que a licitação só acontecerá mesmo após as eleições municipais. E com isso, caso o governo mantenha o projeto, início das obras acontece só no ano que vem.