Tarifaço de Trump derrubou em 15% as exportações de MS aos Estados Unidos

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O total negociado com os Estados Unidos já registrou um recuo de 15% em Mato Grosso do Sul. Conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), tanto no comparativo mensal de junho e julho quanto no interanual – entre julho de 2024 e julho de 2025 – o recuo foi parecido.

Em junho, o total exportado aos EUA foi de US$ 55,4 milhões, enquanto no mês passado o volume negociado foi de US$ 47 milhões. O principal produto que registrou recuo foi o ferro-gusa, cuja produção de Mato Grosso do Sul vai quase completamente para o país, e reduziu 79%, saindo de US$ 9 milhões para US$ 1,9 milhão.

Já no comparativo entre julho de 2024 e julho deste ano, o montante negociado tanto de carnes quanto de celulose apresentou reduções. Na carne bovina, o volume comercializado passou de US$ 19,8 milhões para US$ 18,3 milhões. A queda da celulose foi ainda mais acentuada, de 31%, saindo dos US$ 26,3 milhões negociados no ano passado, para US$ 18 milhões em julho deste ano.

Os dados reforçam que a relação comercial entre Mato Grosso do Sul e os Estados Unidos, que responde por 5,88% das exportações estaduais, já sente os reflexos do chamado tarifaço implementado pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A medida passou a vigorar a partir do dia 6 de agosto, no entanto, as especulações e o cancelamento do envio de cargas já impactaram a balança comercial.

Segundo o próprio governo norte-americano, o objetivo das tarifas foi proteger a indústria local de aço e derivados, por causa do aumento da concorrência externa.

Conforme já publicado pelo Correio do Estado, o presidente norte-americano anunciou mais de 690 exceções, que acabaram por livrar o minério, a citricultura e a celulose das taxas de 50%, mas as taxas de 10% já em vigor foram mantidas.

O senador Nelsinho Trad chegou a explicar que “a missão oficial do Senado aos EUA não foi para falar contra ninguém, foi para abrir o canal de negociação, preservando uma relação comercial de mais de 200 anos”.

No caso das carnes, o impacto ainda persiste, mesmo com movimentações do setor para reduzir as perdas. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS, Alberto Sérgio Capuci, afirmou que “sim, já está tudo normal, foi tudo redirecionado”, referindo-se ao fato de que frigoríficos conseguiram destinar parte da produção para mercados como China, Chile, Oriente Médio e Filipinas. 

Ainda assim, a tarifa extra sobre o produto brasileiro nos EUA continua em vigor e limita a competitividade da carne bovina sul-mato-grossense naquele mercado.

Já a celulose, produto que responde pela maior fatia das exportações do Estado, não foi atingida pelas tarifas, o que evitou perdas ainda maiores. Conforme já noticiado pela reportagem, o setor que mais preocupava o Estado, o ferro-gusa, não será sobretaxado, assim como o setor da celulose e a garantia da expansão da citricultura em MS.

BALANÇA
O recuo nas vendas para os EUA ocorreu mesmo com o bom desempenho geral das exportações sul-mato-grossenses neste ano. De janeiro a julho, o Estado totalizou  US$ 6,33 bilhões em vendas externas, aumento de 3,8% em relação ao mesmo período de 2024. O saldo positivo da balança comercial chegou a 
US$ 4,83 bilhões, alta de 7,93%, puxado por celulose, soja e carne bovina fresca.

A celulose foi o principal produto da pauta, com alta de 53,3% em valor e de 70,23% em volume exportado. A carne bovina fresca também cresceu, 40% em valor e 23,5% em volume, e o minério de ferro teve salto de 29,1% em valor e expressivos 90,4% em volume, passando de 2,7 para mais de 5,1 milhões de toneladas. A soja, por outro lado, apresentou queda de 20,8% em valor e de 12,4% em volume.

O ferro-gusa já havia registrado retração de 11,2% em valor e de 10% no volume exportado, no acumulado do ano até julho, mesmo antes de o efeito pleno das tarifas ser sentido. Essa tendência negativa foi agravada nos últimos dois meses.

A China continua liderando o destino das exportações de Mato Grosso do Sul, absorvendo 47,68% dos embarques. Depois aparecem Estados Unidos (5,88%), Itália (3,81%) e Argentina (3,62%). A principal via de escoamento é o Porto de Santos, responsável por 40,28% da movimentação, seguido por Paranaguá (31,7%) e São Francisco do Sul (11,32%).

Entre os municípios, Três Lagoas é o maior exportador, com 16,46% do total, seguido por Ribas do Rio Pardo (9,79%), Dourados (7%), Campo Grande (6,68%) e Corumbá (6,27%).

A logística fluvial também tem se destacado: os portos de Corumbá e Ladário tiveram aumento de 50,52% no valor exportado, passando de US$ 202,6 milhões para  US$ 305 milhões, enquanto Porto Murtinho mais que triplicou seu desempenho, saltando de US$ 50,8 milhões para US$ 133,5 milhões, alta de 162,55%.

Correio do Estado